Rubia Gouveia

CNV & Finanças

As dinâmicas de poder e submissão e o impacto disso na relação com o dinheiro

Sobre mim

Rubia Gouveia

@rubiagouveia

Dinheiro e você: quem manda e quem obedece?

A CNV acredita que o motivo de vivermos rodeados de violência, é continuarmos reproduzindo um sistema que nasceu e se desenvolveu baseado em relações de submissão e poder, que buscam sempre o “certo” e o “errado”. A recompensa e a punição. Para a manutenção do meu poder e recompensas, eu preciso provar o outro errado, ou vilão. E é essa lógica que nos afasta do humano e dificulta tanto as nossas relações.

Eu olhava pro dinheiro como algo que eu possuía e que deveria me servir. Mas entender que ele é algo com o qual eu me relaciono mudou tudo. Comecei assumindo que essa relação importava muito e, portanto, eu cuidaria melhor.

Relações saudáveis não funcionam na base do “quem manda e quem obedece”. E com as finanças também não precisa ser assim. Esse tipo de dinâmica só te prejudica. Além de violenta, ela não te ajuda a se conectar com o dinheiro. E o que me trouxe aqui foi fazer as pazes com o dinheiro. Não que eu não gostasse dele, pelo contrário. Mas era confuso pra mim. Eu não entendia o lugar dele na minha vida e ele, portanto, não atendia minhas reais necessidades, mesmo gastando muito (até de forma irresponsável).

Como assim, Rúbia?

Eu tomava decisões de gastos para me “recompensar” de outros estresses, mas depois a “punição” vinha em forma de endividamento, cheque especial e limite de cartão estourado. Quando eu tinha dinheiro, me “empoderava”. Depois de gastar tudo, perdia todo poder de escolha, inclusive pras coisas mais simples. Tóxico, né? E coloquei “empoderava” entre aspas, porque hoje vejo como na verdade eu usava o dinheiro como fuga. Empoderamento nem passava perto dali, pelo contrário.

Talvez você não “gaste tudo” nem esteja endividado(a). Mas sem uma relação saudável com o dinheiro, você pode se pegar aceitando qualquer trabalho ou chefe, por grana. A longo prazo, isso se torna uma vida toda de trabalho, para uma aposentadoria que nunca chega, ou se arrasta com escassez de recursos.

Fazer as pazes com o dinheiro não é romantizar ou minimizar o quanto o dinheiro traz de preocupação. 

Às vezes sentimos raiva mesmo. É olhar de forma consciente e madura para os nossos incômodos. Porque o dinheiro é uma ferramenta importante que demanda cuidado e, nessa dinâmica de submissão e poder, é muito fácil se perder, procurar culpados e terceirizar a responsabilidade.

Você pode amar ou odiar o dinheiro. Mas no contexto atual, ele é uma ferramenta de extrema importância. Fazer as pazes com ele significa entender e cuidar dessa relação.

Sem certo e errado, sem punições e recompensas, mas com presença e consciência. Com a responsabilidade de lidar de forma madura com as finanças, para de fato tornar sua vida melhor também na essência, não só na aparência.

Muito obrigada e até a próxima semana?

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